quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Sim, de tudo.

E que ausência é esta que também não encontra respostas, inclusive na tal lei da vida que, sem aceitar, também comporta partidas?
Mãe, não sei se sabe, mas continua a ser presente, seja qual for o verbo escolhido para relatar a peripécia em que é personagem principal...
E é desta forma que me iludo, que me tento esquecer daquele telefonema chorado num final de tarde, daquele impossível ao qual ainda não consegui acoplar o acreditar...
Não, as lágrimas jamais serão iguais, inclusive todas estas que continuam a jorrar cá dentro, assim ao jeito de agulhas que me acordam do eterno pesadelo como um estalo...
Mãe, sinto tanto a sua falta. Ainda preciso tanto de Si.
Sim, eu sei que me irá guiar, que continuará a ser aquele farol de esperança, de resolução para tudo, de energia incomparável, de vontade inquebrável, de força destemida... E o que será de si comigo? Como? Quando?
E o que resta como impressão digital? A que me posso agarrar afinal?
A uma fotografia? Ao vestir daquela camisa passada a ferro pela última vez?
A que sabe uma lágrima? A dor?! E a que sabe a dor?
Sim, eu sei que faz questão de me provar que anda por aqui, mesmo por aí, longe daquele "Boa Sorte!" que me desejou todos os dias, em todos os acenares de sorriso orgulhoso nos lábios... Lembra-se dos conselhos repetidos como se eu fosse criança? Os mesmos de há 39 anos?!
É, também sinto falta deles.
Que medo é este de não conseguir sobreviver como era, de não ter coragem para discordar do "É a vida!"? Pois, claro, todos partiremos. Pelo menos é o que dizem... E eu ainda não o quero ver.
Mãe, sabe do que é que mais tenho medo? É de um dia perceber que não vou vê-la amanhã. É de um dia aceitar que a nossa história acabou. É de um dia acordar sem esta pressa de adormecer para que o próximo dia chegue, consigo.
Não, as lágrimas não acabam. Nem tão pouco encontro a tal impressão digital que o coração promete guardar para sempre...
Afinal, o que é preciso para secar uma lágrima, para eliminar a dor? Tempo?! Que tempo?! Não há tempo para um tempo que deixou de o ser pela simples razão de só um ponteiro avançar, mesmo estando parado.
Mãe, sabe do que tenho mais saudade? De tudo.
Francisco Moreira
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7 comentários:
Alguém disse: "Só deixamos de ser crianças quando deixamos de ter Mãe".
Que falta nos faz a "saia" protectora da Mãe...
Mas essa mesma protecção continua presente, agora em forma de Anjo.
Um forte abraço
"Mãe — que adormente este viver dorido,
E me vele esta noite de tal frio,
E com as mãos piedosas ate o fio
Do meu pobre existir, meio partido...
Que me leve consigo, adormecido,
Ao passar pelo sitio mais sombrio...
Me banhe e lave a alma lá no rio
Da clara luz do seu olhar querido...
Eu dava o meu orgulho de homem — dava
Minha estéril ciência, sem receio,
E em débil criancinha me tornava."
Antero de Quental
Achei bonito, recitei várias vezes para a minha mãe e agora dedico-a a ti, meu amigo! Embora não saiba, felizmente o que é passar por tal sofrimento, não me passa ao lado toda essa angústia e vazio! Ora, por vezes, vejo-te conformado, ora, revoltado e desiludido, perdido, saudoso, frágil... não deixas contudo, de ter uma força imensurável! Nas palavras que debitas está sempre presente a tua grandiosidade e força, o teu carisma! Nas linhas que escreves demonstras a tua sensibilidade e os mais puros sentimentos, as emoções, os sonhos e sem dúvida todos os pensamentos que viajam pela tua mente. É notável tal nobreza e por muito que penses que as palavras não te saem, fluem indubitavelmente, fazendo-se sentir todo o teu expressar e a necessidade de partilhar com os outros e com o mundo todo esse AMOR que tu e tua “Essência “viviam! “ Viviam” e vivem, porque os sentimentos, ao contrário do nosso corpo, perduram e imortalizam-se sempre que haja alguém que num gesto simples dos seus dedos deixa dactilografar as experiências vivenciadas! És perito nisso! Agradeço-te amigo por partilhares comigo e com os outros toda essa tua essência e os teus “amores”! Se algum dia te puder ajudar a minimizar essa tua ausência e tristeza, será decerto fazendo-se sentir a minha amizade, genuína , desinteressada! Tenta, tenta ser ainda mais feliz!
Um forte abraço
Miguel Fernandes
É reconfortante absorver muitas das palavras e sentires que por aqui têm passado... Obrigado.
...por vezes, (poucas), fico sem palavras... Contigo!
:) Beijinho
Amigo Francisco,
Tenho passado com frequência pelo blog. Confesso que tenho sempre imensa dificuldade em encontrar as palavras certas para me exprimir nestes momentos.No entanto é com imenso agrado que tenho visto todos os registos de conforto que têm chegado até aqui. Significado de um enorme apreço e carinho pelo Francisco. A D.Ilda onde quer que esteja estará certamente muito feliz...
Grande abraço...
O meu post de hoje, relativo ainda ao falecimento da minha prima, e que achei tão bonito que me permito transcrevê-lo aqui, para ti...
"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada,
aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."
Carlos Drummond de Andrade, in 'O Corpo'
Eu sei, Francisco, que nada disto minora a tua dor, eu sei, mas achei que ficava aqui bem...
Um beijo com carinho
Lindo, Francisco... Fiquei outra vez com a lágrima no olho e fui a correr para ao pé da minha. Aproveitar todos os segundos, todos os minutos e fazer-lhe todos os mimos e vontades. Nunca são demais, nunca sabemos por quanto tempo temos essa presença preciosa. Mas tenho a certeza que estão connosco e nunca deixarão de estar... nem a minha, nem a tua, nem nenhuma mãe do mundo que mereça tal título.
Um beijo e lembra-te que como dizes "agora estás no topo da pirâmide". O papel principal é teu...
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