terça-feira, 2 de abril de 2013

“Cowboys”



Estou certo de que todos, enquanto crianças, já fomos cowboys, pelo menos durante um dia. Todos imaginamos índios ou outros “adversários” perigosos para, de pistola em punho, fosse ela de plástico ou simplesmente o indicador de uma ou das duas mãos, disparar uma série de tiros, saindo sempre vencedores, e sem jorrar uma única gota de sangue.

Lembro-me vagamente do dia em que tive finalmente acesso a uma pistola “a sério”, com coldre e tudo. Foi um momento de felicidade imensa, já que foi muito desejado e ainda mais esperado, ou seja, em função do que deliberava o porta-moedas da minha mãe, normalmente muito pouco recheado. Outros tempos, claro!

Nesse tal dia, estou em crer, devo ter “morto” uns 1000 índios, umas 3 sardoniscas, uns 20 automóveis que, eventualmente, terão passado pela frente daquela minha arma de plástico e, já agora, uns 3 ou 4 vizinhos, gostasse mais ou menos deles. Devem ter dado jeito à fantasia, calculo!

Naquela altura, ao contrário do hoje, e por razões que se entendem, não era mau dar-se uma pistola a uma criança, pelo contrário: ao dar-lha, estar-se-ia a provocar felicidade, e sem o receio de que viessem a transformar-se em assassinos ou assaltantes já que, se bem me lembro, pistolas só (quase) as tinham os polícias e os militares.

Os tempos mudaram. E mudaram muito.

As pistolas, mesmo as de plástico, pelo que vou vendo, são mais sofisticadas, algumas até disparam mesmo, embora outro tipo de “munições”, por mais protegidas que estejam pelas leis comunitárias e internacionais.

Por outro lado, os cowboys, actualmente, evoluíram para seres monstruosos que, vindos de outras galáxias directamente para os hipermercados e outras plataformas menos reais, necessitam de mais do que uma bala para morrerem, isto sem esquecer a dose de menor imaginação que é necessária (os desenhos explicam tudo).

Não tenho reparado se as feiras, o lugar onde se compravam as pistolas na década de 70, ainda as vendem, com os coldres e, já agora, com o cavalo em relevo no punho. E, já agora, se ainda existem aqueles espingardas com uma pequena rolha amarrada a um fio, que permitia a existência de munições infindáveis.

A saudade do brincar aos cowboys, mesmo que em versão a solo na maior parte das vezes, mantém-se. Embora, para a recuperar em termos de visualização, tenha que se recorrer ao “Google”, porque, pistolas, só com laser, já que os cowboys extinguiram-se e fomos invadidos por “Gormitis”, um mero exemplo dos novos heróis, para o bem ou para o mal, dependendo dos pontos de vista, e da idade, claro.

Kiko

0 comentários:

Acerca de mim

A minha foto
Portugal
Sempre algures entre o hoje e o amanhã, sem esquecer a memória.

JACKPOT

JACKPOT
Música Anos 70, 80 e 90

Porto Canal

Porto Canal

O Livro do Ano

O Livro do Ano
Escrito por uma Deusa e um Sonhador... em nome de um Ângelo

...Sempre...

...Sempre...

Blog Archive