terça-feira, 30 de novembro de 2010

Obrigado... Para Sempre!

A vida é feita de ciclos, e este chegou ao fim.
Sim, a vida continua... E com todas as letras, com todas as canções...
É, o palco da vida tem destas coisas. E, por vezes, necessita de outros "autores", de outras vozes, de outros reflexos, de outros poros, de outra Luz... Precisa de amanhã, mesmo quando o hoje é tão só o dia mais importante das nossas vidas...
E, precisamente hoje, olhando para trás, não encontro um fio por onde começar. É um novelo tão grande, tão intenso, que, na verdade, se o desfiasse, estou certo, morreria naquele instante entre a lágrima e o sorriso, porque a paixão prevalece, porque o amor é para sempre, porque, simplesmente, não convivo nada bem com a palavra "fim"...
E como custa, como dói dizer adeus... Como me faltam as palavras...!
A vida é feita de ciclos e, provavelmente, usá-los como "a resposta" é a melhor forma de se contornar e encarar as perguntas, as pessoas, os dias, o passado - no presente, o futuro... E avançar, embora, claro, ancorado a fotografias e emoções mil, embora triste, de lágrima incessante, mas convicto de que tem que ser, tem mesmo que ser assim, porque sim.
O que levo dali? O que trago para aqui?
Trago os sorrisos, a felicidade, o ser-se a acontecer-se, tantas vezes à custa de um simples "quase nada"... Levo todos e cada um, levo tudo, mesmo que possam afirmar que fico sem nada. Ou melhor, há algo que não levo. Não me levo a mim, não levo o que sempre fui... Isso, acredito, ficará dentro de cada um, já que sempre houve "cada um", apesar de sempre se referirem ao "todo", ou ainda melhor, ao "todos"... Fui único com cada um.
E como custa, como dói dizer adeus... Como me faltam as palavras...!
Mas, como referi, a vida é feita de ciclos, e este está a chegar ao fim. Um fim que ficará para sempre, nem que seja única e simplesmente em mim.

Francisco Moreira
segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Estados de Espírito

Há estados de espírito que, por muito que os queiramos definir, conseguem auto-descrever-se melhor à custa de imagens.
Francisco Moreira
sexta-feira, 26 de novembro de 2010

"Cortinados"

Estamos na era dos "Mind-Games", aqueles jogos vividos "dentro" do "outro", ou dos outros, de preferência recorrendo ao: "como quem não quer a coisa".
Não são raros os exemplos de estrategas mentais que acham que o seu sucesso, seja em que área for, passa pela forma como se influencia terceiros, levando-os para terrenos mais de acordo com os próprios objectivos, os dos estrategas, claro.
Aprecio quem se dá a esse trabalho, quem consegue manter a frieza necessária e a paciência óbvia para chegar a "bom porto"... Mas, cá por mim, apesar de apreciar o bailado das células cinzentas, prefiro a era das emoções, o encanto das sensações, o prazer das provocações... Entendo que têm mais sumo, que são mais sérias, enquanto lei da convivência, enquanto cartão de apresentação, numa espécie de autenticidade levada a extremos, dependendo, claro, dos extremos.
Assim sendo, entre os "escondidos" estrategas de "Mind-Games" e os "evidentes" impulsivos dos "Emotional-Games", confesso, prefiro os que optam pelo acontecer "olhos nos olhos", "poros nos poros"... E por uma simples razão; mais do que o resultado dos resultados, cá para mim, o que mais vale é o sentir, o fazer sentir e o conseguir, sem recurso a estratégias escondidas.
Onde quero chegar com isto?
A lado nenhum, talvez. Apenas quero sim sublinhar que as opções revelam muito do que somos, principalmente perante os outros, aqueles que, queiramos ou não, também definem quem somos, pelos gestos, pela autenticidade do que acontecemos, sem "cortinados".
Francisco Moreira
quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Greve à Bola

Começo por referir que tenho um imenso orgulho em ser Português. Mas isso não implica que goste de tudo, que concorde com as "prioridades" que, aparentemente, se vão escolhendo, por vezes, sinto-me mesmo longe "disso".
E este texto surge para nos questionar sobre os efeitos da Greve Geral de ontem. E, começando pelo geral, penso que o termo é exagerado, muito exagerado, já que, pelo que vi nas ruas e ouvi das pessoas com que me cruzei, cheguei à conclusão que os 85% anunciados pelas centrais sindicais são, no mínimo, ilusórios, além de errados. Penso até que os números do governo, desta vez, estão mais próximos da realidade do que nunca, apesar do claro e "normal" exagero.
Na verdade, o que me leva a escrever sobre isto, tem mais a ver com a "religião" futebol. Sim, hoje, excepcionalmente, falarei do meu Benfica, mesmo que "ao de leve". E, concretamente, só me apetece chamar à atenção para o seguinte exemplo:
- Como é possível que, no dia após a Greve Geral, a primeira em 20 anos, o assunto mais discutido em Portugal, mesmo em jornais e noticiários, seja a derrota do Benfica, também ontem?
Infelizmente, no meu humilde ponto de vista, está aqui o reflexo do verdadeiro reflexo da Greve e daquilo que efectivamente "merece a atenção" dos Portugueses, ou seja, o futebol, já que todo o resto é "conversa", "politiquice", coisas naquelas em que não apreciamos ser "treinadores de bancada" ou "críticos especializados".
E, ironizando, até compreendo que o Benfica tenha mais peso que a Greve, já que, "dizem as audiências televisivas", tem 6 milhões de adeptos, o dobro dos grevistas anunciados. E se lhes acoplarmos os 3 milhões e meio de Portugueses que ficam felizes com as derrotas do Benfica, aí, convenhamos, teremos uma espécie de unanimidade quanto ao que é realmente "importante", ou seja, a "bola", aquele objecto que nos dá alegrias e tristezas sem recurso a "subprime" ou outros palavrões quaisquer, dignos de "mercados financeiros" com sotaque estrangeiro.
Com tudo isto, e voltando a acelerar na ironia, proponho que as centrais sindicais troquem de presidentes, de equipamentos e de panfletos, já que, convenhamos, o que chama à atenção do povo são os golos e não as faltas, pelo menos destas, as faltas ao trabalho para ir para o centro comercial até à hora do jogo, do Benfica, claro.
Francisco Moreira
quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Masturbação Intelectual

Há uns valentes anos atrás, uma namorada, 5 anos mais velha do que eu, professora de filosofia, levou-me a ver um filme a "Serralves", filme a preto e branco, sem som. E, numa "sala" cheia, em silêncio absoluto, dei comigo a pensar e a repensar no que seria aquilo, aquelas imagens incessantes de rodas dentadas a relacionarem-se com outras rodas dentadas, e, principalmente, o que estariam os "espectadores", todos com ar intelectual, a retirar daquele conjunto de nada. Chegou a doer-me a cabeça, de tanto pensar...
Ao intervalo, ela, com um sorriso, entre um cigarro, perguntou-me:
- Estás a gostar do filme?
Eu, que ainda estava naquela fase do "encantamento", ou melhor, no "encantá-la", respondi:
- Estou, mas confesso que ainda não cheguei ao ponto...
Ela, com uma "semi-gargalhada", acrescentou:
- Nem chegarás. Estes filmes são para se pensar no que se quiser, o objectivo não é perceber o filme, não há nada para perceber. Digamos que, todos os que estão aqui, exceptuando tu, aproveitam o filme para se "masturbarem intelectualmente"...
E, com este "belo" exemplo, aproveito a oportunidade para dizer que, ontem à noite, no meu sofá, apesar de ser fã de bons e maus filmes, não consegui fazê-lo, por mais que tentasse, à custa de um tal "Inception", com o famoso Leonardo DiCaprio. Sim, não consegui "masturbar-me intelectualmente"!
Durante duas horas e meia de filme, perdão, de "sonhos dentro de sonhos em sonhos" (Confuso? É essa a ideia!), cheguei à conclusão de que não deveria ser tão teimoso, mesmo tendo, desde o ínício, uma vontade louca em ver um filme, um filme qualquer. É que, queiramos ou não, há filmes que não merecem o nosso tempo. E este é um desses exemplos. E que exemplo!
O "Inception" é uma seca, tremenda seca. Mas tem um dom, o de fazer com que, dada a produção e leque de autores, nos sintamos obrigados a ficar até ao fim, na esperança de que esse fim nos traga algo a que nos possamos agarrar, justificando o tempo que perdemos.
Ontem, várias vezes, dei comigo de regresso aquele outro filme das "rodas dentadas" e cheguei a tentar imaginar o que sentirão e pensarão aqueles que comprarem o bilhete para ir vê-lo, este. Resultado: a grande maioria ficará sentada até ao fim e, se se atrever, dirá que é um filme "diferente", que nos faz pensar no futuro... Quando, na verdade, acharão que o filme é uma valente m*** e que teria sido muito mais interessante ficar-se apenas pelas pipocas.
Quanto à parte da "masturbação intelectual", e em jeito de remate, confesso que prefiro filmes que me provoquem "ejaculação precoce". É que, pelo menos, acordo de um "sonho molhado" e não de uma "miscelânea de nadas".
Recomendo que vão ver o filme, se quiserem sentir-se como eu.
Francisco Moreira
terça-feira, 23 de novembro de 2010

Greve?

Bem, já se começaram a sentir os efeitos da greve de amanhã, com as notícias de hoje que, segundo ouvi, parará o País amanhã. Quando reparei bem naquela frase, acreditem, ocorreu-me uma pergunta, esta:
- Greve? Mas não estamos num País que está a "meio-gás"? Não estamos assim para o "semi-parado"?
Se assim é, ou for, será que pará-lo mais um dia não fará com que o País, adoentado, não demore ainda mais a ter "alta"?
Pronto, pronto, já devo ter uma imensa quantidade de "inimigos" que, a esta hora, já me devem ter chamado de tudo e mais alguma coisa... A começar por "rico", algo que, infelizmente, não sou, pelo menos a acreditar no que o saldo bancário que confidenciou esta manhã.
Mais a sério, embora não sendo contra as greves, muito menos gerais, entendo que não são elas que alteram o rumo das coisas mas sim o Voto, aquele "penoso" deslocar às urnas, atrapalhando os Domingos, de anos a anos.
É que, além das imagens televisivas, com tanta gente que, sublinhe-se, muita dela, nem sabe bem o que lá estará a fazer, em termos de resultados, como sempre, ou quase sempre, não haverá muito para "salvar".
Nunca fiz greve, e penso nunca o vir a fazer. E, quanto aos grevistas, que, obviamente, respeito, recomendo que muitos deles troquem as "faltas" pelos "votos", já que esses, esses sim, decidem, e sem parar um País já dele "estagnado".

Francisco Moreira
segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Treino

Ontem, como tantas outras vezes, porque uma mesa de café pode ser um excelente anfiteatro para aulas de vida, conversava-se sobre o porquê de tantas relações não funcionarem - uma grande maioria, seguramente.
Não é que esta "converseta" tenha sido ou pretendesse ser, necessariamente, um tira-teimas com "pés e cabeça", tratou-se mais do encontro entre um e outro aparte que, ao se juntarem, acidentalmente, originaram uma convergência mental, entre pessoas que estão envolvidas em relações sólidas.
Do resumo, como se isto fosse a minuta de uma acta, sobressaiu a concordância a três relativamente ao facto de as pessoas do "hoje" casarem sem se conhecerem bem, sem experimentarem viver juntas, assim ao jeito de "treino" ou "prova dos nove". E isso pode fazer a diferença, seja para que lado opte por "virar o prego".
E, cá para mim, é aqui que está um dos factores responsável pela grande maioria dos divórcios, separações e "diabo-a-dois", ou seja, o fim evitável tantas vezes pré-anunciado, tantas vezes facilmente "esclarecível", evitando os dissabores do "durante" e, mais ainda, do "depois".
Haverá mesmo a necessidade de avançar para um bonito "papel de lustre" sem experimentar o resultado do "nós"? Haverá mesmo a obrigação moral de, muitas vezes na ilusão de se conseguir um "ponto mais", ser necessário casar, porque a vida assim o exige? Haverá mesmo a certeza de que se pode fazer do casamento uma ponte perfeita para ultrapassar os intervalos, muitas vezes encharcados de "tempestades"?
Os casamentos, como se sabe (e, se calhar, ainda bem), já não são como antigamente, naquela outra altura em que eram "mesmo para sempre", acontecesse o que acontecesse, quisesse-se ou não se quisesse. É que, naquele "véu e grinalda", mesmo descobrindo o erro na "lua-de-mel" (ou de fel!), o prazo de validade não existia, pelo menos até que a morte dissesse o contrário... (por mais leiteiros, costureiras ou outros que se viessem a juntar à novela)
Nestes outros tempos, com esta gigante publicidade social à "troca de pares como quem troca de camisa", tudo ficou mais fácil, inclusive o: "- Vai à tua vida!" e o: " - Acabou!". Isto para não usar outras expressões com muitos *** (essas!)...
Hoje em dia, mais do que nunca, os casamentos (e muitas uniões) vivem assentes no arame (tantas vezes farpado) das falas de uma qualquer peça teatral, e quase sempre para um vasto público, daquele sedento pelas "nódoas" dos outros, muitas vezes para taparem as próprias cicatrizes.
Por mim, (e sem dizer "dessa água não beberei"), antes de se partir para uma telenovela, deve-se fazer um "episódio piloto", só para ver se a audiência (os próprios) não é daquela composta por "personagens" que dizem que vêem a "SIC" porque fica mal dizer que se vê a "TVI"... E, depois, vai-se a ver, transformam o tal "Filme com final Feliz" numa auto-estrada de intervalos para a qual, na verdade, bem vistas as coisas, já se partiu com os "pneus em baixo".
Estou muito feliz com os meus resultados, e ainda sou "homem solteiro", mas um dia destes arrisco e... acabo com este "treino". (sorrisos)
Francisco Moreira
(convém não esquecer que cada caso é um caso e que, mesmo com toda esta "lenga-lenga", não faltarão razões válidas para fundamentar o oposto ao que aqui escrevo)

Tornado

Sei que sou novo nesta coisa de ser Pai, e que muito ainda sofrerei muito à custa destas e de outras febres... Mas, intenso como sou, fico um autêntico "tornado" em ebulição, com vontade de revirar este mundo e outro para, no imediato, tratar de conseguir a cura, a resposta que sare a ferida, a dele e a minha, claro. Quando me falaram do ser Pai, se bem me lembro, os diálogos "sabiam a mais ligeiros", em termos de intensidade. Afinal, na verdade, isto dói e remói enquanto há dor.

Francisco Moreira
sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O Entretanto...

Cada vez mais me capacito de que a vida é um filme, seja ele mais "comédia romântica", mais "suspense", mais "fantasioso" ou mais "terror", independentemente da acção que os nossos dias lhes entreguem. E, infelizmente, é nas "partidas" que, nós - dignos desconhecedores do tanto que perdemos, ao não aproveitar devidamente a vida, reparamos melhor no que deixamos de fazer, pior, no que poderíamos ter feito...
Sim, são estas "grandes lições" que tentam - a custo - demonstrar que, em todos os filmes, há momentos para sorrir e para chorar, tudo é um ciclo, tudo é um "Olá", tudo é um "Adeus" e - a nós, durante o filme, cabe-nos a difícil tarefa de viver o "Entretanto"...
Mas, por outro lado, se mais não fizemos, se mais não dissemos, se mais não abraçamos, foi talvez porque o - dito - destino, assim não quis. E, acredito, quem parte, sabe-o bem, entende-o melhor do que nós, os tais desconhecedores que, infelizmente, dão mais valor quando não têm do que quando têm... Mas, descansemos a mente, esclareçamos a consciência. Quem "parte" nunca parte. Quem "parte" sabe o que sentimos, e com toda a clarividência, com toda a sensibilidade que julgamos não ter tido, como deveríamos.
Ainda hoje, quase duas décadas depois da partida do meu Pai, penitencio-me pelo pouco que fiz, pelo pouco que nos conhecemos, pelo tanto que nunca chegamos a construir em conjunto... Mas, onde Ele está, hoje, em Paz, estou certo de que entende perfeitamente tudo o que aqui escrevo, tudo o que sinto, tudo o que ficou por dizer, por acontecer... Porquê? Porque, tal como eu, Ele, certamente, passou pelo mesmo... E a vida é assim, um filme, que nasce, vive e "parte", sem nunca morrer. Sim, sem nunca morrer, porque a morte está cá dentro e não no que o guião dita.

Francisco Moreira

* Para ti, Amigo.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Sexo Sensual

A sensualidade, ou mesmo a excitação provocada pelo pensamento, estão a cair em desuso, e muito provavelmente, imagino, em função da "oferta", presente nos mais diversificados meios. (Entenda-se "oferta" como os vários canais que colam a sensualidade à sexualidade, "pura e dura", seja para que fim for. E não faltam fins, uns mais comerciais do que outros...)
O sexo, ou o que o leva a entrar no pensamento das pessoas - e noutros "poros", está a banalizar-se, graças à futilidade do seu "uso" e ao exagero no seu "desuso".
Confuso? Talvez não!
Pensemos assim: nos dias que correm há uma gigante oferta de sexo e, simultâneamente, uma tremenda falta de "preliminares" (caminho que pode ou não levar ao sexo), inclusive no sexo. Entendido?! E, ao afirmar isto, faço a seguinte nota: de conservador tenho pouco, exceptuando os valores que me foram incutidos, e que respeito.
No fundo, e mesmo que à superfície do pensamento, verifico que a sensualidade e as suas várias disciplinas estão a perder terreno para o sexo.
Se isto me incomoda? Não, nem por isso. Mas, com este texto, basicamente, quis chamar à atenção para o "perigo" em se confundir sensualidade com sexualidade, um erro cada vez mais comum. Já que, convenhamos, não falta quem confunda as duas coisas, quem ache que está a ser sensual provocando o sexo e, não menos "estranho", quem proporcione sexo para se assumir como sensual.
Gosto de sexo, e muito, mas prefiro-o com sensualidade, daquela que não precisa de "montra" para provocar o pensamento. Se é que me faço entender!
Francisco Moreira

O que tem que ser...

É complicado, muito complicado, quando interiorizamos o peso de certos anúncios, de certas decisões, incontornáveis... Mas que têm que ser feitas, que têm que ser anunciadas, que têm que acontecer, por mais que nos custe, por mais que doam.
E é tão mais fácil quando essa tarefa cabe a outros...
Francisco Moreira
quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sonhos de Retalhos

Todos fechamos os olhos a muitas coisas, muitas delas, infelizmente, de maneira grotesca, mas isso não tem que ser assim, não temos que assumir como "lei" dos dias, "tese" dos tempos... Não é pelo facto de "todos fecharem os olhos ao que vai acontecendo" que temos que assumir ser do mesmo "peditório"...
Obviamente que há coisas que nos incomodam tanto que, por vezes, é preciso ver sem assimilar, como se se tratassem de episódios de uma qualquer série de terror, daquelas que, antigamente, davam à 6ª Feira, na RTP. Sim, aquelas que nos deixavam quase sem dormir para evitar pesadelos, com aquela banda sonora que, só por si, dava arrepios...
Hoje, fora do ecrã de televisão, não faltam arrepios, não faltam receios, não faltam exemplos de comportamentos humanos aterradores, inclusive pelo recurso ao verbo "ignorar", daqueles que, todos os dias, nos vão dizendo que os pesadelos já não existem, que o que existe é falta de coragem para tratar dos "sonhos", aqueles com que, outrora, pintávamos a vida, hoje, com estas nódoas da existência, vestida de retalhos.
Francisco Moreira
terça-feira, 16 de novembro de 2010

Gentes da nossa Terra

Talvez em função do correr do meu calendário, também ele apressado, ando cada vez mais atento às "Gentes da nossa Terra"... E aprecio, felizmente, com maior disponibilidade visual e mental, aquelas "rugas" da experiência, aquele saber em olhares cansados, aquelas palavras, muito ou nada eruditas, que demonstram e comprovam um saber imenso, principalmente naqueles pormenores que fazem a diferença entre o achar que se sabe e a realidade do portefólio construído década a década, momento a momento.
Será que chegarei lá, a esse saber? A esse Ser com letra maiúscula, independentemente dos títulos que se almejam conquistar!?
Estas "Gentes da nossa Terra" são o retrato do que seremos, por mais diferenças que atiremos para a "parede", por mais que achemos que faríamos melhor, no tal "assim ou assado"... E essas Gentes têm tanto para nos ensinar, tanto para nos contar... Mas nós, infelizmente, com esta pressa de chegar "lá", às medalhas, desculpamo-nos com a falta de tempo para as ouvir, para as compreender, para "beber os seus saberes"... Até ao dia em que, invertendo-se as posições, faremos o mesmo papel: o de ter tanto para ensinar e tão poucos alunos com tempo para aprender...
Sim, é a vida, nos seus ciclos, nas suas incongruências.

Francisco Moreira
segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O aguardar do Futuro

Sempre se falou mais do futuro do que do presente, embora, nos dias que correm, como já referi vezes sem conta, não haja muito tempo para dispensar ao futuro, já que o presente ocupa todos os poros da "necessidade" e o tal futuro parece fazer parte de um outro calendário, que não aquele que se avizinha.
E assim vai a vida, vivida ao segundo, sempre com "pontas soltas", muitas delas contraídas no passado mais recente, ou não.
Passamos os dias a pensar em soluções, em rasgos de génio, em supostas hipóteses de "mudar de vida", para melhor, claro. E é justo. E é bom que se faça. E é bom que se arrisque, embora a maré seja apelidada de "contenção", ou algo do género, mesmo que "tudo", ou melhor - muito, não passe de uma "visão exageradamente negra", dizem outros.
Nunca se viu um futuro tão incerto, mesmo o daqueles que têm a segurança das "poupanças", "heranças", ou "Euromilhões"... Nunca se viu tanta gente preocupada, tanta gente à procura de emprego - alguns destes não se importando de trabalhar, só para conseguirem que aquela ponte entre o certo e o incerto se mantenha à tona durante mais algum tempo, até "esta" crise passar...
E, hoje, a vida é isto, uma espera, uma sobrevivência jamais pensada, muito menos desejada, naquele degrau que, quando se é positivo, permite ver que, afinal, haverá futuro, bastando, para lá chegar, não afundar no presente, porque o futuro é já amanhã, que é como quem diz; lá para 2012.
Francisco Moreira
sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Mãe

"Voz"

Por ti perdi o norte da vida
Entre o ontem e o amanhã
Com esse estalo de despedida
Troquei o sonho por um divã

E bato à porta da saudade
Em desespero pela tua voz
Mas dita sempre a verdade
Que já não há hoje, não há nós

Refrão
O meu fado é triste, o amor é triste
Perdi o embalo dessa tua maré
Se nem esta lágrima desiste...
Diz-me, diz-me Deus o que é a fé!

Que é feito de ti em mim
Onde está aquele sorriso?
Será que a dor não é um fim
Ou é da morte que eu preciso!?

E estou para aqui ancorado
Entre o meu nada e o teu céu
Maldito sejas, tom vergado
Se só me vestes com este véu

Refrão
O meu fado é triste, o amor é triste
Perdi o embalo dessa tua maré
Se nem esta lágrima desiste...
Diz-me, diz-me Deus o que é a fé!

Não sei do dia na minha noite
E o farol mentiu à memória
Quem me amordaçou num açoite
Atraiçoou a minha história

Refrão
O meu fado é triste, o amor é triste
Perdi o embalo dessa tua maré
Se nem esta lágrima desiste...
Diz-me, diz-me Deus o que é a fé!


Francisco Moreira
12/11/2010

(a pedido de alguém de quem ouvirão falar, este é o ensaio de uma letra para um fado)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Reticências

Se há quem aprecie palavras, um desses fãs confesso sou eu. Mas nem sempre elas estão "viradas para mim", ou, porventura, não estarei eu "virado para elas"...
Não são raras as vezes em que escrevo sem conseguir apropriadamente juntar o "a" e o "b", com um mínimo de sentido e de acordo com que me vai pela mente... E nem se trata de não conseguir uma ou outra frase mais coerente, trata-se - tão só - de, ao ler, reparar que não é "bem aquilo", que queria ir muito mais longe, que tinha muito mais para dizer, muito mais para "conversar"... Sim, conversar! É que, para mim, o acto de escrever o que penso, é, acima de tudo, uma conversa, mesmo que seja entre mim e mim, assim ao jeito de monólogo...
O que fazer, então? Não escrever, simplesmente?!
Discordo. Entendo que devemos insistir, quase sempre, e tentar chegar lá, àquela ponte entre o pensar e o dizer, por mais impossível que pareça ser a travessia, inclusive naquelas tantas conversas que não levam a lado nenhum...
E, reparem, quando me viro para as reticências mais vezes do que o habitual, seja dito, é porque sinto que as palavras mereciam mais ênfase, mais "letras" ou, se preferirem, mais "sumo" e menos "rama".
Hoje, aparentemente, estou num desses dias, num dos dias das reticências...

Francisco Moreira
quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Pinceladas de Humor

Um dia destes lá terei que ir às compras, aquelas que se fazem sem lista prévia, como gosto de fazer para aliviar a má disposição, aquela que, de quando em vez, também assola por estes lados, e muitas das vezes sem razão aparente, ou em função de pequenos pormenores que não chegam a valer mais do que "menos zero", mas que, mesmo assim, acaba por fazer a sua interferência.
Isto do "ir às compras", nos dias que correm, não passa de um mero "fetiche", já que não está na altura de comprar, há que deixar o calendário ditá-lo, lá para perto do dia 24 do próximo mês. Mas, como curiosidade, fazer compras pelo andar das e pelas montras, mesmo que sempre apressadas, sempre me ajudou a melhorar o humor, nem que fosse para um simples "distrair", sem grande importância...
Na verdade, cá para mim, acho que ando a precisar de comprar um pincel e um balde de tintas coloridas, todas dentro do mesmo balde, só para me dar umas pinceladas bem dadas, de cada vez que as cores dos dias não condizem com o que considero minimamente razoável em termos de boa disposição.
Por outro lado, tenho que assumi-lo, estou em crer que um balde de 50 litros não me chegaria... nem para um dia. (risos)

Francisco Moreira

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Muda de Vida

Com esta tal "crise", por mais empolada que seja, ou não (!), estamos a ser empurrados para o presente, com algum tempo para pequenos saltos ao passado e, assumamos, estamos cada vez mais distantes do futuro, do amanhã. Sim, perdemos cada vez menos tempo com o futuro, por mais sonhos que transportemos às costas. Isso é coisa do "antigamente". É que, dada a conjectura dos mundos, onde também se encontra o nosso, já quase não temos oxigénio para pensar no amanhã... A preocupação é sobreviver no hoje, acontecer hoje, sendo que o hoje parece transformado numa espécie de corda ao pescoço que, com mais ou menos força, dependendo dos exemplos, nos aperta completamente, como se se tivesse passado a chamar: "Dia D".
É, o "Dia D" apoderou-se dos nossos hoje's, e apareceu de "fininho", comendo-nos à "fartazana", a nós - que achávamos que resolveríamos tudo no amanhã, aquele amanhã que já passou sem se ver... O hoje, nesta terra de sufocos, parece estar transformado em "para o ano", enquanto não se assume como "na próxima vida".

Francisco Moreira

- Tens Antivirus?

Arranjemos as desculpas que quisermos, estamos cada vez mais viciados nesta coisa a que, consta-se, (ainda) chamam de computador. E tudo por causa de uma tal virose denominada Internet.
Seja à custa de uma caixa de correio electrónico lotada de "lixo", de um "Blog" que, vá lá (!), nos tenta reensinar a escrever ou de um "Facebook" armado em "diário de estação do quase nada", vá-se lá saber por ordem de que bruxedo, já nos reencontramos mais na Internet do que nas ruas, já nos cumprimentamos mais com um teclado do que com um aperto de mão.
Que vida é esta? Que opção é esta? Que evolução é esta?
Onde pára a voz? Onde param os gestos, daqueles que são feitos com movimentos, sim, dos que vão muito além do olhar solitário para um "televisor", ou se preferirem, chamo-lhe "monitor xpto"?
Onde paramos nós? Sim, onde paramos, já que estamos cada vez mais parados, embora dizendo estar em movimento, acrescentando-lhe o "à velocidade da luz"?!Infelizmente, já estivemos muito mais longe de falar com os nossos filhos pela via da Internet, mesmo estando eles, ou parte de nós, na sala ao lado... E isso preocupa-me, e cada vez mais!

Francisco Moreira

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

De... Borla!

Tenho lido "por aí" que, nesta vida, já nada é gratuito, que, no mínimo, tudo é feito por um ou outro interesse, por mais pequeno ou disfarçado que possa ser.
Discordo. Entendo que ainda há muitas coisas gratuitas, e daquelas que, convenhamos, têm um valor incalculável. O problema é, por este ou aquele gesto, achar-se que tudo tem preço, que tudo tem saldos, que tudo tem números.
Não. Definitivamente, por mais exemplos que me possam apresentar, entendo que muito do melhor que a vida nos dá não tem que ser pago, seja em que moeda for. E ainda bem que assim é. Ainda bem que há quem pense como eu.
Francisco Moreira
sexta-feira, 5 de novembro de 2010

"Mil"


O cansaço tem destas coisas, retira-nos "tinta", dando sempre a ideia - em jeito de raspanete - de que, ao cansarmo-nos tanto, física e psicologicamente, estamos, basicamente, a retirar carga às baterias com que somos feitos, aquelas que, pelos vistos, são difíceis de carregar mas fáceis de descarregar, energeticamente falando, claro.
Estou exausto. E não é que tenha feito assim tanto... É este meu problema de não saber viver sem o "mil" às costas.
Francisco Moreira

Santuário

Na madrugada que passou, dei comigo, enquanto rosto de uma grande equipa, passada e presente, a tentar recuperar a grande maioria dos retratos que, em termos de Vice Versa - dentro e fora dele, mas sempre com ele, vivi ao longo dos últimos 16 anos... E vivi tanto, e vivemos tanto!
Comecei naquela mesma sala, há 16 anos (coisa pouca!), com "meia dúzia" de conhecidos e desconhecidos, nervoso, a interpretar o "Can't help falling in love", de Elvis Presley, naquela minha perda da "virgindade" em termos de Karaoke, comigo e a mim mesmo. Foi precisamente numa 5ª Feira, e acho que gostei de me ouvir...
Todos estes calendários depois, e porque não há tempo nem folhas suficientes para relatar os amores e desamores criados, solidificados, perdidos e desencontrados, estou aqui a pensar no "meu/nosso" Vice Versa, aquele Bar que teimo em escrever com letra maiúscula, aquele recanto que já fez feliz tanta gente, aquele nome que diz tanto a tantos, dentro e fora deste país de cantores, aquela/esta família que adora conhecer gente, mesmo quando a perde, pelo tempo, nos tais desencontros...
O Vice Versa foi e é um porto de abrigo de pessoas que procuram mais do que um simples estar, é uma mescla de emoções, tantas vezes contraditórias, mas sempre autênticas, como se fosse uma espécie de igreja, com os seus pecados, com a sua bondade, e sempre com a sua Fé.
Vivemos de pessoas, respiramos pessoas, muito mais do que música - aquele pretexto que serve para que nos encontremos, para que troquemos opiniões, tantas vezes contrárias, tantas vezes intimas, inúmeras vezes recíprocas...
Somos assim, e não há tantas palavras como isso para que nos consigamos apresentar, ao de leve, como se fossemos mais um. Não, definitivamente, não somos mais um, somos o Vice Versa, e sentimos que somos únicos, especiais, porque é assim que nos fazem sentir, há horas, há meses, há anos, há uma vida... E sabe tão bem!
Não tem sido fácil, nada fácil. Não têm sido normal, nada normal. Mas, há que assumi-lo com todas as letras, temos orgulho em nós, nos "nossos", naquilo que construímos, tantas vezes do nada, tantas vezes no sonho, e muitas delas sem resultados... Mas continuamos a tentar, continuamos a querer ser a sala de estar daqueles que nos procuram, daqueles que nos tentam interpretar, mesmo tendo nós todas estas manias, tantas vezes catalogadas de vedetismo embrionário, tantas vezes entendidas ao contrário... Enfim.
Gostamos tanto, mas tanto, de ser quem somos que, se pudéssemos, juntaríamos todos aqueles que fazem parte de nós e colocá-los-íamos a substituir-nos, na porta, no bar, nas mesas, na régie, no palco... E sentar-nos-íamos, apertados mas aconchegados, muito provavelmente felizes, para poder, nem que fosse por uma única vez, saborear intensamente aquilo que, noite após noite, tentamos construir, ou seja, bem-estar, do verdadeiro.
Por isso, e para que saibam, se é que não sabem, com todas estas palavras, de cada vez que me ouvirem ou nos ouvirem falar do Vice Versa com paixão, com amor, entendam que estamos a ser verdadeiros ao referirmo-nos a um espaço que faz parte de nós, como se fosse um prolongamento de todos e de cada um, num autêntico vício... Como se fosse - se é que não o é (!?) - um autêntico Santuário, já que nos assumimos como um "imenso" palco de emoções, das autênticas.
Muito Obrigado.

Francisco Moreira
quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Pressa

A pressa de chegar começa desde cedo, desde que se nasce... E há sempre pressa em chegar, nem que seja para se chegar ao típico lado nenhum.
Ainda um dia destes, ao falar com o relógio que já não uso, ele dizia-me que, numa reunião de relógios, recente, todos eles tinham concordado que a culpa cai-lhes sempre em cima, mas que não foram eles quem estabeleceu esta coisa dos ponteiros, esta coisa dos números, esta aberração baptizada de pressa.
Mais, na tal reunião de relógios, uns mais pobres, outros mais excêntricos, foi unânime o que ficou escrito naquela acta: que a culpa é de quem dá corda, não aos relógios mas sim aos "sapatos", sempre na pressa de chegar, mesmo que não haja destino previamente definido, ou razão para tal. Até parece que quem não tem pressa estará, desculpa-se (!), "morto", ou ausente daquele outro "palavrão" a que dão o nome de sociedade.
Há sempre pressa, há sempre razões para se ter pressa, há sempre um relógio, mesmo que invisível, a ditar que já se está atrasado, mesmo quando se tenta viver cada minuto como se fosse o único. E não é?!
Na tal acta da reunião dos relógios, houve mesmo uma frase que me chamou à atenção. Esta:
- Não há um único homem que consiga sobreviver sem horas, mesmo que esconda o relógio. Porquê? Porque, em jeito de cruz, ele faz questão de carregar com os ponteiros, por mais lentos que eles pareçam estar, e por mais vezes que afirme solenemente que quem comanda a sua vida não é o relógio, mas sim a pressa de chegar... Mas, chegar onde? À morte?
Francisco Moreira
terça-feira, 2 de novembro de 2010

O sempre Existe?

Nestes últimos dias, tenho andado sob o combustível da saudade... Saudade de quem partiu, saudade de quem já não reencontro, saudade de quem vou encontrando, saudade do que deixará saudades... E muitas.
Sim, porque o presente, encaremo-lo ou não, mesmo a acontecer agora, também planta essa erva - a que não quero chamar de daninha, por falta de um exímio adjectivo - que, com o tempo, nos tempera os pensamentos, e não só.
Considero-me um saudosista, daqueles que não trava as lágrimas e muito menos os sorrisos da memória.
Nestes últimos dias, talvez por causa desta mania a que chamo antecipação, tenho andado de mão dada com a saudade, como se ela fosse (será que é?) uma espécie de manta, daquelas que nos aquece no frio e nos conforta na dor, independentemente do grau de intensidade nos sentimentos que despoleta...
Porquê tanta saudade, tantas saudades? Talvez por não conseguir deixar de ser um verdadeiro romântico, daqueles que se apaixona por pessoas, por locais, por momentos, por histórias e vivências que deixam marcas, e daquelas que ficam para sempre.

Francisco Moreira

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