quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Masturbação Intelectual
Há uns valentes anos atrás, uma namorada, 5 anos mais velha do que eu, professora de filosofia, levou-me a ver um filme a "Serralves", filme a preto e branco, sem som. E, numa "sala" cheia, em silêncio absoluto, dei comigo a pensar e a repensar no que seria aquilo, aquelas imagens incessantes de rodas dentadas a relacionarem-se com outras rodas dentadas, e, principalmente, o que estariam os "espectadores", todos com ar intelectual, a retirar daquele conjunto de nada. Chegou a doer-me a cabeça, de tanto pensar...
Ao intervalo, ela, com um sorriso, entre um cigarro, perguntou-me:
- Estás a gostar do filme?
Eu, que ainda estava naquela fase do "encantamento", ou melhor, no "encantá-la", respondi:
- Estou, mas confesso que ainda não cheguei ao ponto...
Ela, com uma "semi-gargalhada", acrescentou:
- Nem chegarás. Estes filmes são para se pensar no que se quiser, o objectivo não é perceber o filme, não há nada para perceber. Digamos que, todos os que estão aqui, exceptuando tu, aproveitam o filme para se "masturbarem intelectualmente"...
E, com este "belo" exemplo, aproveito a oportunidade para dizer que, ontem à noite, no meu sofá, apesar de ser fã de bons e maus filmes, não consegui fazê-lo, por mais que tentasse, à custa de um tal "Inception", com o famoso Leonardo DiCaprio. Sim, não consegui "masturbar-me intelectualmente"!
Durante duas horas e meia de filme, perdão, de "sonhos dentro de sonhos em sonhos" (Confuso? É essa a ideia!), cheguei à conclusão de que não deveria ser tão teimoso, mesmo tendo, desde o ínício, uma vontade louca em ver um filme, um filme qualquer. É que, queiramos ou não, há filmes que não merecem o nosso tempo. E este é um desses exemplos. E que exemplo!
O "Inception" é uma seca, tremenda seca. Mas tem um dom, o de fazer com que, dada a produção e leque de autores, nos sintamos obrigados a ficar até ao fim, na esperança de que esse fim nos traga algo a que nos possamos agarrar, justificando o tempo que perdemos.
Ontem, várias vezes, dei comigo de regresso aquele outro filme das "rodas dentadas" e cheguei a tentar imaginar o que sentirão e pensarão aqueles que comprarem o bilhete para ir vê-lo, este. Resultado: a grande maioria ficará sentada até ao fim e, se se atrever, dirá que é um filme "diferente", que nos faz pensar no futuro... Quando, na verdade, acharão que o filme é uma valente m*** e que teria sido muito mais interessante ficar-se apenas pelas pipocas.
Quanto à parte da "masturbação intelectual", e em jeito de remate, confesso que prefiro filmes que me provoquem "ejaculação precoce". É que, pelo menos, acordo de um "sonho molhado" e não de uma "miscelânea de nadas".
Recomendo que vão ver o filme, se quiserem sentir-se como eu.
Francisco Moreira
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4 comentários:
Eu paguei bilhete, há uns meses, para o ver no cinema! Não fiquei muito impressionada, como gosto de ficar quando pago bilhete para ver um filme, mas não posso dizer que me tenha desagradado assim tanto...
É confuso, mesmo muito.. e no início não se percebe absolutamente nada! Mas consegui encontrar um ponto de referência que me permite ter gostado do filme, no geral... Talvez porque, na altura em que o vi, tinha disponibilidade mental para me deixar "invadir! pela sua estranheza. Se fosse hoje, não sei se diria o mesmo...
Um beijinho Francisco!
Pronto, 1-0. Para já, gaha o filme. (risos)
Beijos, Marta.
Eu posso dizer-te que "amei" o filme. Achei a história bastante interessante e tive a tal "masturbação intelectual" ... mas até acho que este filme nem chega a ser mt complicado de se entender. Posso mesmo dizer-te que, desde há algum tempo que comecei a apreciar os filmes do L.DC. já viste o Shutter's Island?
Olá Tulipinha!
Não, ainda não vi... Mas espero ver.
Pronto, 2-0... e está a ganhar o filme. (risos)
Beijos.
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