domingo, 24 de março de 2013

“Discos Pedidos”


Na década de 70, sem a actual envolvência sufocante das televisões – na altura muitos lares ainda só tinham “ouvido falar” da caixinha mágica., a rádio era a companhia mais interessante, a melhor companheira, a ligação ao resto do mundo, ao ponto de estar sintonizada na mesma frequência anos a fio, e essa frequência passava essencialmente pela Rádio Renascença, a líder absoluta em termos de audiências, principalmente por não haver grande concorrência, nem tão pouco das estações piratas, as quais ainda estavam a uns valentes anos de darem nas vistas, ou melhor, de darem nos ouvidos.

O programa mais apreciado - ou pelo menos o mais falado - era o dos “Discos Pedidos”, com frase ou sem frase, mas com canções insuportáveis que acabavam por obrigar-nos a decorá-las – pela via da repetição – e todas as outras canções, aquelas que mereciam que nos déssemos ao trabalho de colocar uma cassete “BASF” no gravador, para a conseguir “pescar”, e de preferência sem a voz do locutor, aquele “intruso” que amiúdas vezes ficava acoplado às canções, as tais que, depois de “pescadas”, ouvíamos vezes sem conta, nem que para isso fosse necessário usar a fita-cola para unir as partes da fita castanha das cassetes que, por tanto se usar, acabava por partir. Era “um trabalho e pêras”!

Obviamente que a década de 70 pouco tem a ver com a década presente, e 40 anos é tempo suficiente para transformar gostos, hábitos e muitas outras coisas… Mas há sempre algo que fica, por mais diferente que possa parecer e/ou aparecer. E refiro-me em concreto aos “Discos Pedidos”, aquelas canções, mais recentes ou mais antigas, que continuam a ser pedidas e dedicadas vezes sem conta, porque a fórmula mantém-se, seja com recurso a um telefonema, um SMS, a um e-mail ou a um comentário no Facebook, e tenha o pedido frase obrigatória ou não, seja a rádio mais ou menos famosa, mais ou menos sintonizada.

E enganam-se aqueles que acham que os “Discos Pedidos” são um divertimento dos “velhos”, já que, por mais “Internetes” ou “iPodes” que apareçam, a fórmula do telefonar-se para a rádio para se ouvir a própria voz e dedicar uma canção a uma infindável lista de familiares e conhecidos mantém-se e promete continuar, mesmo que as rádios corram rapidamente para locutores virtuais ou mesmo que as rádios deixem de existir na plataforma que ainda é a mais utilizada; o éter.  

E por falar em frase, permitam que vos dedique uma canção, imaginando-me em 1978, com 8 anos de idade:

- Olá, eu sou o Kiko e quero ouvir a canção “Dai-li-dou” dos Gemini ao futuro, o futuro onde algumas pessoas ouvirão esta canção num computador ao jeito do “Espaço 1999”. Obrigado.

Kiko

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