quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

“Dia dos Namorados”




Penso que terá sido já depois de completar 16 anos (1986) que notei a existência de uma realidade (comercial, ou também) com o interessante e cativante título de “Dia dos Namorados”. 

E era uma ideia gira, especialmente gira para quem tinha namorada, embora, principalmente naquela “minha” altura, fosse exageradamente repetitiva… É que, neste dia, todos os rapazes e homens rumavam exclusivamente às floristas, fazendo fila de horas e, pior ainda, ao estilo de quem ia “comprar preservativos”, já que o corar dos rostos, principalmente nos mais novos, era notório…

E porquê? Porque numa era ainda mais machista do que a de hoje (muito mais!), as floristas não eram locais de visita para homens e muito menos para rapazes. Ok. Talvez fossem, mas, eventualmente, apenas e tão só na compra de “ramos” para funerais, as únicas flores que - pelo contrário. - não nos envergonhavam ao serem transportadas pela rua fora. (vá, “encalhados” e “encalhadas”, nada de fazer associações menos positivas entre namoros e funerais, já que existem diferenças. – risos)

Andar com ramos de flores nas ruas ou nos autocarros, assumamos, era algo demasiado embaraçoso, razão pela qual a ala masculina não apreciava (esta parte d)o Dia dos Namorados, tentando avidamente trocá-la pelo momento da entrega e, já agora, o da pós-entrega. (sorrisos)

Claro que existiam alternativas às flores! Chamava-se “ourivesaria em prata”, fossem pingentes, anéis, brincos ou outra ornamentação qualquer (digna de chacota masculina à posteriori, se se constasse). É, apesar do custo absurdo das rosas, sempre saiam mais baratas (se se esquecer o tal corar e as duas horas de espera) do que entrar numa ourivesaria (local também propício a corar-se, pelo gesto e, claro, pelo fundo de bolso não compatível com o que se desejaria poder comprar).

Quem estiver a ler, poderá ser induzido em erro e achar que eu só oferecia rosas. Nada disso! Apesar de também as ter oferecido. (sorrisos)

Sempre gostei de acoplar alguma originalidade aos gestos mais banais, e o calendário sempre mereceu a minha especial atenção, com ou sem datas a assinalar. E quem me conhece, acredito, poderá atestar (sem ter que o fazer, logicamente) que raramente me ficava (ou fico) pelo trivial. Gosto de encenações e de surpreender, e confesso-o com todas as letras.

E foi este lado inventivo e romanticamente interventivo que me levou a saborear de especial maneira (quase) todos os “Dias dos Namorados”, principalmente entre os meus 16 e os 28 anos de idade (décadas de 80 e 90), cometendo algumas pequenas loucuras, inclusive monetárias. Sabia-me bem e queria que soubesse especialmente bem à outra parte. (ponto)

Claro que os “Dias dos Namorados” dariam pano para mangas, mas, por falta de espaço (para não dizer: não entrar em caminhos mais “privados”), concluo esta crónica com uma canção que, sem que, ainda hoje, entenda porquê, acompanhou-me em alguns períodos da minha vida. Uma canção que me sabe especialmente bem ouvir, e sem que haja qualquer tipo de interferência da letra (quando a ouço, nem reparo nisso, limito-me a permitir que me embale, sem laço, claro!).

Por isso, hoje, e em plena hora de ponta nas portas dos restaurantes, permitam que dedique esta canção a todos os amantes. Não àqueles que se obrigam a registar a data, para não ficarem “menos bem”, ou melhor, para poderem ser exemplo no dia seguinte, mas sim a quem ama, a quem sente, a quem cria, recria e acredita no amor, um dos “bens” mais desejados pelo ser humano, um ser que, geralmente e infelizmente, só o valoriza substancialmente em dois momentos: quando o recebe e quando o perde.

Amem o mais que poderem, inclusive a 15 de Fevereiro.

Kiko

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